Hissa
Abrahão tinha um futuro brilhante pela frente. De vereador, se elegeu deputado
federal, vice-prefeito de Manaus e, depois, veio a exercer o cargo de
supersecretário do município na pasta da Infraestrutura.
Mas
todo o glamour dos holofotes e as benesses do poder foram mais forte que o
saber, e o inexperiente Hissa, ainda garoto na política, foi demitido da
supersecretaria, ao vivo e em cores, pelo prefeito Arthur Neto, quando dava
entrevista à Rádio e TV Tiradentes. “Fui demitido publicamente sem ele (Artur)
sequer ter falado comigo”, escreveu Hissa, em mensagem de celular enviada à
imprensa, numa sexta feira, 13 de dezembro de 2013.
Motivo
da demissão: estava insistindo em se candidatar, à revelia do arco de alianças,
ao Governo do Amazonas em 2014, com o apoio de Arthur e do PSDB. Num futuro não
muito distante e por ser jovem, poderia ser prefeito ou governador se esperasse
a sua vez, mas cavou sua cova política e perdeu uma vaga ao Senado Federal nas
eleições passada. Vai ter que trabalhar muito para voltar a ser o que era,
politicamente.
Comecei
com esses preâmbulos para comentar uma Nota Oficial do PDT, assinada pelo seu
presidente, Hissa Nagib Abrahão Filho, no último dia 22 de julho. A tal Nota
termina com o seguinte texto: "...afirmamos nossa postura trabalhista e
falamos em nome de todo o partido e de tudo que este representa que o voto do
Deputado Adjuto Afonso não condiz nossas ideologias, o deputado agiu de forma
individualista e pessoal visando outros interesses e posicionamentos, atitudes
da qual não compartilhamos, pois nosso lema é: Não há Brasil sem o povo
brasileiro". Esse slogan, do último parágrafo, com certeza, trata-se de um
óbvio ululante, de expressão "sui generis".
A
Nota do PDT, de censura à Adjuto Afonso, foi baseada na medida administrativa,
assinada pelo governador Wilson Lima e aprovada pela Assembleia Legislativa,
que congela salários no Governo do Amazonas, com o voto favorável do deputado.
Portanto, se houve um culpado nessa história, foi o governador que não discutiu
com os sindicatos dos servidores públicos e com a sociedade, antes de tomar
essa iniciativa.
Mas
essa Nota do partido veio confirmar que Hissa tem memória curta quando
contrariou a orientação do seu partido e votou pelo impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff, na época em que foi deputado federal (nesse
quesito eu concordei com ele). Mas nem por isso foi censurado em nota de agravo
pelo seu partido, o PDT.
Na
realidade, Adjuto votou com o governo para evitar que o Estado do Amazonas
entrasse nas estatísticas de Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais,
por exemplo, que não estão pagando regularmente o salário dos seus servidores
por falta de recursos.
Acompanho
o PDT há mais de 20 anos e nunca vi, em suas bases, esse tipo de censura, de
inquérito antecipado com relação ao posicionamento de filiados com mandato
político, principalmente partindo de quem não tem mandato.
E,
por falar em mandato, gostaria de destacar a administração do fundador do PDT
no Amazonas, Stones Machado, que, apesar de nunca ter se candidatado, antes das
eleições passadas, soube conduzir, durante todos esses anos, os destinos do
partido com muita determinação e competência. Sob a direção de Stones passaram
políticos como Jefferson Peres, Jefferson Praia, Mário Frota, Beth Azize,
Francisco Praciano, Plínio Valério, Amazonino Mendes, Dermilson Chagas, Messias
Cursino, Leonel Feitosa, dentre outros. Além disso, sob a direção de Stones, o
PDT teve em suas hostes Governador, Prefeito, Senador, Deputado Federal,
Deputado Estadual, Vereador, secretários, além de prefeitos e vereadores do
interior.
Citei
o Stones porque o PDT, caso perca o deputado Adjuto, deve cair no ostracismo e
pode perder outros mandatos, além de alguns cargos no Legislativo. Assim, só
quem perde é o partido porque Adjuto vai continuar sendo deputado e o PDT vai
caminhar sem representatividade.
Por
outro lado, Adjuto Afonso, com seus cinco mandatos de deputado, tem passado,
presente, futuro e herdeiro para continuar o seu legado.
Por:
Roberto Pacheco (MTb 426)
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